sexta-feira, 6 de setembro de 2013

BAIRRO DAS ROCAS


Um dos  mais antigos bairros da Cidade do Natal RN







A História do bairro das Rocas foi cheia de vitalidade, mas viveu devagar lutando contra a miséria foi povoada por volta de 1880, por pequenos grupos de pescadores. Antes do nome Rocas, o bairro recebeu o nome de Ilha de Montenegro. (Cascudo, 1956).
Segundo Câmara Cascudo (1980),” o nome provém do Atol das Rocas,pesqueiros afamados e de fácil atração para os pescadores. Os que pescavam nas águas do Atol denominaram Rocas a morada em terra firme”.
Somente em meados de 1893, com as obras de melhoramento do Porto, começa a chegar mas habitantes fora os pescadores, eram os operário que ergueram seus ranchos próximos ao local das tarefas que executariam e o local, mas indicado ou, mas próximo ao Porto era justamente o bairro das Rocas, que segundo Itamar de Souza (2008), seria a continuação geográfica do bairro da Ribeira.
Houve várias obras nesse bairro que ajudaram no seu povoamento e desenvolvimento, como também outros fatores importantes como: uma grande seca em 1906 e o deslocamento dos mendigos que viviam no centro da cidade para as Rocas, tendo em vista a urbanização da capital do Estado.
O bairro das Rocas começa o seu desenvolvimento a partir do século XX tendo, porém alternados seus ciclos de progresso e estagnação, seu ponto maior de progresso veio com a construção da Estrada de Ferro Central.
O bairro conta hoje com vários pontos de sociabilidade e espaços culturais para os moradores, como a feira das Rocas, que foi criada na década 20 permanecendo até os dias atuais, as escolas de samba, a velha guarda do samba, grupos de danças e a igreja da Sagrada Família, uma das mais antigas do bairro, construída em cima de um areal branco em 1925.

Denise Lima

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Nossa História vindo á tona

Canoas indígenas foram encontradas na Lagoa de Extremoz (Foto: Canindé Santos)

Canoas indígenas foram encontradas na Lagoa de Extremoz (Foto: Canindé Santos)
O baixo nível da lagoa de Extremoz, na Grande Natal,  ajudou a revelar relíquias que resgatam a história: são três canoas indígenas, uma delas ainda presa a uma corrente. A  maior  mede mais de dois metros de comprimento, segundo o pescador Pedro Luiz da Silva,de 70 anos, que encontrou as embarcações no fundo da lagoa.
"Eu encontrei durante uma pescaria. Marquei o local e depois voltamos para pegar", contou o pescador Pedro Luiz da Silva.
O pescador tem um documento para comprovar que já encontrou muitas partes da história potiguar em baixo d´água. Ele se orgulha de ter descoberto outras canoas e até imagens de santos. "Eu acho isso muito importante para a nossa história. Ajuda a contar nosso começo. Mas acho que seria melhor se as relíquias tivessem todas guardadinhas aqui", defendeu Pedro.
Pescador encontrou canoas e outros objetos antigos (Foto: Canindé Santos)Pescador encontrou canoas e outros objetos
antigos (Foto: Canindé Santos)
Pedro garante que outra canoa indígena ainda está submersa na Lagoa de Extremoz. As que foram retiradas da região irão passar por análises no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo é descobrir a idade das embarcações, que aparentam ser do século XVI, quando há registro da presença de jesuítas para catequizar os índios tupis e paiacus que habitavam a região, conhecida antigamente por Aldeia Guajiru, segundo os registros históricos.
O fotógrafo Canindé Santos registrou todas as descobertas que ficaram durante séculos escondidas pelas águas. Para Canindé, é uma forma de manter viva a memória da cidade. "Isso é importante para conscientizar as pessoas sobre a história de Extremoz desde a época dos índios. E também sobre as batalhas com portugueses e holandeses que aqui estiveram", destacou Canindé Santos.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Circuito cultural da Ribeira 2013



PROGRAMAÇÃO CIRCUITO ABRIL 
DOMINGO, 14 DE ABRIL, 16H ÀS 22H
ENTRADA GRATUITA
Centro Cultural Dosol
Rua Chile, 40
18h – Cool do Elefante (música)
19h – Baztian (AL) (música)
20h – The Sinks (música)
21h – Kung Fu Johnny (música)
Casa da Ribeira
Rua Frei Miguelinho, 52
16h30 – Os Herdeiros de Chico Daniel (Teatro de mamulengo)
17h30 – Flúvio e o Mar – Coletivo Atores à Deriva (Teatro para crianças)
17h30 – “Iapois poesia!” – Sarau Poético
18h30 – Ornamental – Carol Piñeiro e João Nin (Artes Visuais)
20h – “Nas ondas do Rádio com Chiquinha Gonzaga”- Companhia Bagana de Teatro (Teatro musical)
Buraco da Catita
Rua Câmara Cascudo, 185
18h – Rogério Pitomba (música)
Gira Dança
Rua Frei Miguelinho, 100
16h – Abertura da lojinha Mundo Gira
17h – Dj Thiago Alves (música)
17h30 – Ocaso: Alexandre Américo (dança)
18h – “Alguém que não eu para falar de mim” – Gira Dança (Dança)
Armazém Hall
Rua Chile
19h – Samba de Mesa (música)
Pelas Ruas da Ribeira
Rua Câmara Cascudo
16h30 – Concentração – Cortejo Lavagem do Beco da Quarentena com Rosa de Pedra, Pau e Lata e Rede Jovem de Terreiro
Beco da Quarentena
17h – Coletivo ES3– O que Egon Schiele estaria dizendo (performance)
Rua Nísia Floresta S/N (vizinho ao estacionamento da Tribuna do Norte)
19h – Ad Infinitum – Nammu Dança
20h30 – Ad Infinitum – Nammu Dança
Esquina da Rua Dr. Barata com a Tavares de Lyra
18h – 22h – Missigena SoundSystem (música)
Espaço à deriva
Rua Frei Miguelinho, 47A
Variando Brecht – Cenas Curtas
18h – “O Inferno são os outros” (Livre) (teatro)
18h20 – “Damas” (+16) (teatro)
19h – “E se eu fosse uma fruta?!” (+18) (teatro)
19h30 – “Ocaso” ( +16) (teatro)
20h – “Calçada” (+16) (teatro)
Galpão 29
Rua Chile, 29
19h – Eletronic Party (Djs)
Consulado
Rua câmara cascudo
19h – QVATRE (música)
Cultura Clube
Av. Rio branco
18h – Vj Helder (vídeo)
19h – N’VIBE (música)
21h – Leões da Tribo (música)
Atelier Flávio Freitas
Av. Duque de Caxias, 182.
16h – Atelier aberto – obras do artista Flávio Freitas (artes visuais)
19h – Antônio de Pádua (música)
Clube do Remo
Rua Chile
17H – Suave Coisa com Ultraleve (Palhano e Bruno Alexandre) (música)
18h – Coco de Roda do Mestre Severino (música)
Casa de Ferreira Itajubá
Rua Chile, 63
16h – Bazar Cultural
Catalivros
Rua Frei Miguelinho
16 – Bazar Cultural
Nalva café salão
Av. Duque de Caxias, 110
17h – Bazar
19h30 – Cátia de França (PB) (música)
20h30 – Rosa de Pedra (música)

domingo, 7 de abril de 2013

Amigo Especial

Daniel Gomes
Feliz aniversário meu querido amigo.
você é muito especial para mim, que o seu coração esteja em festa pois, o meu esta cheio de alegria por poder festejar nesta data mais um ano de nossa amizade e o seu aniversário  e que Deus ilumine seus passos para assim caminhar sempre firme, realizando seus sonhos.
Você tem o dom de amar e de conquistar, tem a simplicidade, a paciência e o encanto que fazem de você um ser maravilhoso.
Tenho muito orgulho de poder compartilhar de sua amizade e de seu carinho. É muito bom saber que os anos passam, a idade chega e que você sempre continua o mesmo, sempre com o mesmo sorriso, com a mesma alegria e sempre com uma palavra de conforto e de carinho para seus amigos em todos os momentos é sempre bom contar com sua amizade;
Obrigado por me deixar fazer parte de sua vida e que nossa amizade seja sempre linda e sincera.

Parabéns hoje e sempre



domingo, 17 de março de 2013

Pedrinho Mendes



Pedrinho Mendes

Pedro Inácio Filho, conhecido como pedrinho mendes,nasceu em Parnamirim-RN em 1963 é um autodidata confesso. Aos 10 anos, ganhou um violão do seu pai e logo tomou gosto pela música. Aos 14 anos, colocou o violão na mochila e foi morar em Fortaleza.
Estudou em colégio militar, fazendo parte da banda marcial estudantil e já naquela época começou a compor seus primeiros versos. Três anos depois, Pedrinho retornou a Natal onde começou a tocar na noite, em bares como o Beco da Música, ao lado de Chico Elion.
Em 1980, já era uma figura concorrida nas noites natalenses, trabalhando profissionalmente nos melhores barzinhos de Natal.
Em 1986 já experiente resolve gravar seu primeiro trabalho ,"Esquina do Continente" projeto esse que o lançou definitivamente no cenário cultural de Natal e de todo o Rio Grande do Norte .
Em 1988 foi morar no Rio de Janeiro, onde começou a fazer apresentações na noite Carioca, em 1990 grava seu segundo trabalho "Um Pedro a Mais", com lançamento no Teatro Alberto Maranhão em Natal\RN e no Teatro Asa Branca no Rio de Janeiro.participa em 1991 do Festival " Marche Canta Brasil" em algumas cidades da Itália. Apresentou em 1992\93 o Cabugy Verão na TV cabugy. Um dos grandes poetas e compositor do RN, pedrinho mendes hoje ainda desperta respeito e admiração em seus conterrâneo, embora não faça mais tanto sucesso nas mídias, por que infelizmente as autoridades politicas e culturais não costumem dar o devido valor a nossos artistas.
Pedrinho Mendes tem várias composições gravadas por outros artistas como: Valéria Oliveira, Cida Lobo, Banda Buscapé, Alê Muniz entre outros. Dentre as composições, destaque para Linda Baby, a música que despretensiosamente popularizou-se como o Hino de nossa cidade como em destaque o vídeo abaixo
Pedrinho Mendes é considerado pelos músicos natalenses como o "nosso Gilberto Gil".


sexta-feira, 8 de março de 2013

Poema dedicado a todas as Mulheres


HOMEM

Adna Maria Ferreira de Souza

Mulher Mãe 

Homem quando és semente apenas
É no corpo de uma Mulher
Que germinas...

Quando nasces chorando
É nos braços de uma Mulher
Que te acalmas...

Quando sentes fome
E nos seios de uma Mulher
Que te sacias...

Mulher Mãe que molda 

Quando tentas andar
É com auxílio de uma Mulher
Que arriscas os primeiros passos...

Quando começas a falar
É uma Mulher quem te ensina
As primeiras palavras...

Quando te preparas para enfrentar a vida
É uma Mulher quem te incentiva
E te molda o caráter...

Mulher Amor 

Quando começas a despertar para o amor
É uma Mulher
Quem te faz sonhar...

Quando sentes solidão
É uma Mulher que procuras
Para ser tua companheira
Ao longo da vida...

Quando te multiplicas é uma Mulher
Que dá luz aos teus filhos
Dando continuidade 
A tua descendência...

Mulher Amor 

Quando, enfim...
Entenderás
Que a Mulher compartilha com a natureza
A criação da própria vida...

Quando enfim, entenderás
Que dependes dela.

Respeite-a!
Ame-a!
Proteja-a!
E, certamente, te sentirás
Mais Homem.

Parabéns Mulher, nosso anjo de cada dia!

Homenagem as mulheres


O Norte Shopping Homenageia mulheres com exposição

Foto: Uma sugestão para esse começo de noite é vir jantar com a família e ainda conferir a nossa Exposição "Mulheres Potiguares".











Essas são algumas das mulheres potiguares , homenageadas na exposição.
Cada uma a seu tempo e seus ideais, deram grandes contribuição a nossa sociedade ainda bastante patriarcal .

" Que todas as mulheres sejam lembradas com carinho e respeito , hoje e sempre, afinal somos mulheres todos os dias"

Denise Lima








quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Hino da cidade do Natal RN


Letra e Música de

Waldson José Bastos Pinheiro


Hino da Cidade do Natal RN
I
Natal, Cidade Sol,
Tu representas tanto para mim!
No início, Forte dos Reis Magos,
Cidade Alta, Ribeira e Alecrim.
Daí, sempre a crescer -
Um cajueiro, galhos a estender,
Brotou nas Rocas, Quintas e Tirol,
Em Igapó, Redinha e Mirassol;
Chegou à Zona Norte,
Em Mãe Luíza se enraíza no farol.
O mar, enamorado,
Colar de praias te presenteou;
E o Potengi amado
Em teu regaço com o porvir sonhou.
Natal - provinciana -
A tua história nos contou Cascudo:
A luta com o batavo,
As procissões, o pastoril, o entrudo.
II
Natal, Cidade Sol,
Tu representas tanto para mim!
No início, Forte dos Reis Magos,
Cidade Alta, Ribeira e Alecrim.
Daí, sempre a crescer -
Um cajueiro, galhos a estender,
Brotou em Morro Branco e Bom Pastor,
Em Candelária, Felipe Camarão;
Do Morro do Careca
Em Ponta Negra, vem rolando até o chão.
O mar, enamorado,
Colar de praias te presenteou;
E o Potengi amado
Em teu regaço com o porvir sonhou.
Natal - espacial -
Ao céu foguete vai levar mensagem
De amor e de esperança
A quem fiel evoca a tua imagem.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Dona Militana





Dona Militana Salustino do Nascimento nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, São Gonçalo RN em 19 de março de 1925, onde viveu até a sua moter. Ela gravou na memória os cantos executados pelo pai.  romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narram os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana canta modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos. Dona Militana faleceu no dia 19-6-2010, aos 85 anos.
Em vida nunca desfrutou de conforto mesmo com seu talento e também não recebeu atendimento adequado quando ficou doente e nem o reconhecimento merecido, quando a prefeitura de São Gonçalo do Amarante, veio lhe conceder uma aposentadoria, ela já se encontrava doente e faleceu pouco tempo depois.
Dona Militana como é conhecida,é considerada a principal guardiã do romanceiro Medieval Nordestino. Em 1998,participou em São Paulo do Espetáculo "Festejando Cascudo" em homenagem ao folclorista Câmara Cascudo promovido pelo Músico Antônio Nóbrega.
Participou também do vídeo "Câmara Cascudo, o provinciano incurável" exibido no ano seguinte na tv Cultura. Em 1999, participou do V Encontro de Cultura Popular, Segundo a pesquisadora Leide Câmara:" Dona Militana é considerada a mais importante romanceira do Brasil e conhecedora de algumas dezenas de peças raras dos romanceiros ibéricos e brasileiros".
“Lá nos Barreiros onde eu nasci,Em São Gonçalo onde eu me criei,Eu vou voltar pra meu sítio Oiteiro,Adeus Rio de Janeiro, adeus.”


(versos cantados por Dona Militana numa apresentação no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro, durante participação especial no espetáculo "Lunário Perpétuo", ao lado do brincante pernambucano Antônio Nóbrega)

Romance de Rios Preto – Dona Militana
Rios Preto era um negro
Vivia no escravidão
Recebeu a liberdade
Deu logo pra valentão
Vivia da cartuchera
E do granadero facão

Eles deram numa casa
Dum pobre pai de familha
Certo é que nós levamos
Ou a mulher ou a filha

Eles derom numa casa
Duma pobre mulhé só
O home andava osente
Pra cima pra tá e có

Ele mais dois camarada
Conduzira a casa em pó
A mulé lhe ofereceu
O cavalo do cercado

Nós não qué o seu cavalo
Nós tomo tudo amuntado
Nós querem é a senhora
E dexe de palaviado

Meu marido anda osente
Pra cima por ta em co
E argum dia é de chegá
A cabeça pode ir
Mas o corpo é que não vai lá

Quando os home saíro
Aí o home chego
Mulé munto envergonhosa
Non lhe quis contá históra

Ai vizinha de mais perto
Contaro na mesma hora

Ele tinha dois cunhado
Lhe querium muito bem
Perparara as cartuchera
Sem dizê nada a ninguém
Aonde você morrê
Certo morremos também

Eles encontrar um velho
Que do nego deu nutiça
Saíro se penerando
Cum urubu pra carniça

Eles encontrar um velho
Segurando em uma vela
Rios Preto ta na rede
Brincando com uma bele
Subrinha do Padre Armanço
Que robô ela donzela

Os Oto ta no escuro
Rios Preto ta no claro
Levar uso peito in frente
Todos três lhe atirarum
E Rios Preto sartô
Eles pidir uma luz
Pa Rios Preto caçá

Pu Barroca e pu Baboca
Por ond ele havia stá
Minha gente eu vos peço
Num me acabem de matá
Me levem pa Esprito Santo
Qui eu quero me confessá

Os homes grande de lá
Vinheram logo encontrá
D’ alegria que tiveram
Sortaro fogos no ar

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Poetisa Auta de Souza






Nasceu no dia 12 de setembro de 1876, na cidade de Macaíba-RN, filha de Eloy Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina de Souza. Estudou em Recife,colaborou em Jornais e Revistas de Natal e da capital Pernambucana tendo com isso quebrado a hegemonia masculina dos círculos literários da época( compostos em sua maioria por figuras masculinas e críticos que ignoravam as escritoras mulheres).
No entanto , em 1899 e 1900,Auta de Souza chegou a assinar seus poemas com os pseudônimos de Hilário das Neves e Ida Salúcio, o mesmo que faziam alguns autores da época.
Em 1900, ela publica seu único livro O Horto, onde se encontra seus poemas,com prefácio de Olavo Bilac.
Poetisa desde os doze anos de idade,escrevia sobre tudo sobre o que se passava ao seu redor, deixou nos lindíssimas poesias carregadas de sentimentos diversos, desencarnou precocemente aos 24 anos de idade, sendo vitima de tuberculose, epidemia que assolava na época.
Por sugestão do então presidente da Academia Norte Rio Grandense de Letras,foi colocado em seu túmulo uma lápide contendo os versos do poema "Lembranças de Morrer" em 1951.

Natal, poema de Auta de Sousa

NATAL                                                               
É meia noite … O sino alvissareiro,
Lá da igrejinha branca pendurado,
Como num sonho místico e fagueiro,
Vem relembrar o tempo do passado.

Ó velho sino, ó bronze abençoado,
Na alegria e na mágoa companheiro!
Tu me recordas o sorrir primeiro
De menino Jesus imaculado.

E enquanto escuto a tua voz dolente,
Meu ser que geme dolorosamente
Da desventura, aos gélidos açoites …

Bebe em teus sons tanta alegria, tanta!
Sino que lembras uma noite santa,
Noite bendita mais que as outras noites!

Auta de Souza, deve ser considerada a poetisa norte rio grandense que mais ficou conhecida fora do seu  Estado  e sua  poesia apresenta  leves traços de romantismo e simbolismo.
Circulou nas rodas literárias do país despertando sempre muita emoção e interesse e foi incluída nas antologias e manuais de poesia das primeiras décadas.
Como a maioria dos escritos femininos, sua obra poética retrata em parte suas experiências vividas no seu cotidiano não comprometendo de forma alguma  o lirismo e o valor estético de seus versos.



domingo, 17 de fevereiro de 2013

FABIÃO DAS QUEIMADAS


Fabião das Queimadas

    Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha nasceu escravo, em 1850, na Fazenda Queimadas, do coronel José Ferreira da Rocha, no atual município de Lagoa de Velhos (RN). Começou a cantar durante os trabalhos na roça. Tornou-se tocador de rabeca, tendo adquirido seu instrumento aos 15 anos, com o apoio do dono, que permitia e incentivava que ele cantasse nas casas dos mais abastados da região e nas feiras. Conseguiu angariar algum dinheiro que, aos 28 anos, possibilitou comprar a sua alforria, a de sua mãe e de uma prima, que mais tarde construiu matrimônio . Era analfabeto, mas criava versos, como o "Romance do boi da mão de pau", com 48 estrofes. Suas composições apresentam traços dos romances herdados da idade média.
Em 1923, Fabião das Queimadas já era conhecido e respeitado no estado, onde no início do período republicano manteve ligações com políticos da terra, emprestando seus talentos ao criar versos que serviam, ora para enaltecer os amigos poderosos, ora para denegrir seus adversários. Já suas apresentações em Natal, aparentemente eram raras ou restritas a residências de particulares que gostavam da prosa sertaneja.
"A Republica", de 19 de dezembro, em novo texto assinado por "Jacinto da Purificação", trouxe uma extensa reportagem sobre o cantador, onde buscavam apresentá-lo a cidade; comentou como no passado Fabião havia conquistado sua liberdade, "que a fama de Fabião corria mundo", mas ressaltou "que o seu estrelato alcançava aquele mundo que não ultrapassava as fronteiras da nossa terra".
Em 1923, a expectativa de vida dos mais pobres no Brasil mal chegava aos 60 anos. Fabião, então, com sessenta e dois anos, era considerado com "ótima lucidez, perfeita memória e bom timbre de voz". Afirmou-se que era "verdadeiramente um desses milagres para os quais a ciência não encontra explicação". Informaram que "aquilo que Fabião chama de sua obra", certamente daria um volume com mais de 300 páginas. Algumas destas obras haviam sido criadas pelo cantador 55 anos antes, em 1868. Para recitá-los ou cantá-los, junto com sua inseparável rabeca, ele utilizava apenas sua privilegiada memória.
 o notável poeta pertenceu ao major José Ferreira da Rocha, nas Queimadas das férteis terras de Lagoa de Velhos. Fabião, começou a vida como agricultor e vaqueiro. Há uma grande suspeita de que o poeta é filho de José Ferreira com uma escrava. Porém, foi encontrado pelo pesquisador Hugo Tavares Dutra na Arquidiocese de Natal, a certidão de casamento de Fabião datada de 17 de novembro de 1881, na qual consta que este era filho de um escravo chamado Vicente. Mesmo assim, a possibilidade do poeta ser filho de José Ferreira não está descartada.
Com dez anos o poeta já cantava. Aos dezoito anos de idade, o poeta não se conteve e com algumas economias que fez no trabalho da agricultura, juntando dinheiro vendendo couro de animais, mel, legumes e frutas que plantava conseguiu comprou uma rabeca, pois essa rabeca passava a ser um instrumento não musical, mas com ela saiu cantando e tocando suas toadas e seus repentes pelas vaquejadas, pelas casas e povoados simples de sua região. 

Algumas poesias do poeta:

"Essa minha rabequinha
É meus pés e minhas mãos
É meu roçado meu mio
Minha pranta de feijão
Minha criação de gado
Minha safra de algodão."


 "Quando forrei minha mãe
A lua saiu mais cedo
Pra clarear o caminho
De quem deixava o degredo"


"Numa chuva com relâmpago,
Não há trovão que não gema
Nosso patrão tá dizendo:
Adeus minhas encomendas".

"Gostei de correr o gado
Quando eu tinha boa esteira.
Novilha, boi, vaca e touro
Pra mim não tinham carreira".